Bom artigo, que retrata muito bem a importância da pesquisa do profissional contabilista, onde devem está sempre atento nas mudanças da legislação.
Boa leitura!
A volta do Exame de Suficiência, instituído agora em
definitivo pela lei 12.249/2010, traz consigo algumas questões merecedoras de
reflexão sobre o papel do professor, das instituições de ensino e dos alunos dos
cursos de Ciências Contábeis no Brasil.
É fato que o processo de ensino-aprendizagem não depende única e
exclusivamente de um indivíduo para a sua consecução, mas sim da participação
conjunta de vários indivíduos que contribuirão cada qual com a sua parte para a
formação de profissionais capazes de se sobressair no mercado de trabalho.
O bom profissional do campo contábil, como já está sendo sacramentado nos
dias de hoje, é aquele pesquisador inato, que busca acompanhar as mudanças
trazidas principalmente pela legislação tributária de nosso país, constantemente
atualizando-se e reciclando seus conhecimentos.
E é justamente esse o ponto a ser debatido à luz do Exame de Suficiência. Já
na faculdade, os discentes dos cursos de Ciências Contábeis devem mostrar uma
dedicação natural aos estudos, à pesquisa e a busca de soluções, fixando, desde
já, uma postura assertiva que mais tarde certamente vai refletir o profissional
que estará atuando no mercado de trabalho.
Como salienta Marion (2008, p. 21) “seja um pesquisador por excelência. Não
aceite apenas receber tudo ‘mastigado’ do professor. Lá na empresa não haverá
mais professor e você terá que buscar, descobrir conhecimento. Faça da sua
escola um laboratório.”
Muitas críticas que tem sido feitas às instituições de ensino após a
divulgação dos resultados das primeiras provas do Exame de Suficiência aplicadas
durante o ano de 2011, trazem à tona uma discussão que vai muito além dos
índices de aprovação. As mudanças que são necessárias, como supracitado, devem
alcançar todos os envolvidos. Claro está que professores e instituições de
ensino têm uma responsabilidade importante na busca pelo desenvolvimento dessa
capacidade crítica nos alunos, pois são eles que vão proporcionar a motivação
necessária para que seja despertado o espírito desbravador que vai levar o aluno
à busca de novos conhecimentos. Esta motivação é que cria os “apaixonados” pela
profissão, sendo estes, invariavelmente, os melhores profissionais da área.
Novamente citando Marion (2012), concluímos que a formação dos melhores
profissionais passa pela ênfase no “Know Why” em detrimento do
“Know How”. É por isso que é importante a preparação
didático-pedagógica dos professos de Ciências Contábeis que, sem dúvida, devem
ser profissionais com boa experiência prática na área de atuação, mas que, muito
além disso, devem possuir uma didática apurada com a finalidade de transmitir
conhecimentos mas, sobretudo, incentivar os alunos na busca do novo. “Tanto é
que se torna muito freqüente alunos de cursos universitários, ao fazerem a
apreciação de seus professores, ressaltarem sua competência técnica e criticarem
sua didática” (GIL, 2005, p. 16).
O que vemos muitas vezes são professores que agem muito mais como
‘treinadores’, focando o ensino na repetição de exercícios, fazendo com que o
aluno enfrente os problemas buscando soluções mecânicas, já apreendidas e
absorvidas certamente, mas que vão deixá-lo sem condições de inovar, de
enfrentar problemas diferentes que o obrigarão a buscar alternativas igualmente
diferentes daquelas que lhe foram transmitidas.
Ainda que se pese a validade desses métodos, pois o ensino da contabilidade
requer o exercício constante de certas técnicas, como o método das partidas
dobradas, e mesmo observando os cursos de Ciências Contábeis diante dessa nova
perspectiva que é a obtenção do registro que somente será alcançada após a
aprovação na prova do Exame de Suficiência, pensamos que o ‘contador-robô’ já
não tem mais vez no mercado de trabalho.
Seguir normas e procedimentos, atender às exigências da legislação fiscal,
tributária e trabalhista, e até o ato de dominar a técnica dos débitos e
créditos, são sim indubitavelmente importantes, mas só tem serventia quando tem
o objetivo de direcionar a empresa na sua gestão. Se o contador é somente um
executor das tarefas para as quais é programado, ele não serve a esse
propósito.
É nesse sentido que a pesquisa torna-se importante, pois se ainda durante o
curso o aluno for impelido a buscar as respostas para os problemas que surgem, a
ser criativo e não apenas um ‘robô’, durante sua carreira estará mais capacitado
para o mercado de trabalho, pois lá fora os desafios que se colocam são sempre
mais difíceis de serem ultrapassados, haja vista que não contamos com o apoio de
um professor ou um colega de sala que ofereça ajuda.
Veja por exemplo o caso da nossa legislação, que sofre constantes mudanças,
de modo que o que se aprende na faculdade hoje pode estar em pouco tempo
alterado ou até mesmo totalmente revogado. O aluno que não é incentivado à
pesquisa durante à faculdade, certamente encontrará grandes dificuldades para se
tornar um bom profissional. Aqueles que se destacam são justamente os que têm
discernimento, preparo e, principalmente, iniciativa para encontrar as soluções
e colocá-las em prática.
Referências
GIL, Antonio Carlos. Metodologia do Ensino Superior. 4.
ed. São Paulo: Atlas, 2005.
MARION, José Carlos. Contabilidade Básica. 9 ed. São
Paulo: Atlas, 2008.
______; MARION, Márcia Maria Costa. A Importância da Pesquisa no
Ensino da Contabilidade.
Fonte:http://www.contabeis.com.br